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Ano 3 Dezembro 2003 |
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Resíduos PROJETO BUSCA ALTERNATIVAS PARA PRODUÇÃO DE MATERIAIS COM FIBRAS DE SISAL

| O objetivo é estimular a criação de oportunidades de trabalho e renda empregando a fibra do sisal |
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Levando em conta o potencial econômico da fibra de sisal e a importância de sua cultura no nordeste baiano, um projeto integrado ao Programa Habitare tem o objetivo de desenvolver componentes em sisal-argamassa para a habitação. O projeto vem sendo desenvolvido pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em parceria com uma cooperativa popular formada por jovens da região sisaleira do nordeste baiano, a Cooperjovens. O projeto ´Desenvolvimento de componentes de edificações em fibra de sisal-argamassa a serem produzidos de forma autogestionária / Prosisal´ conta com apoio financeiro da
Finep, através do Programa Habitare, do Banco do Nordeste e do Programa Nacional de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares (Proninc). No nordeste baiano, cerca de 800 mil pessoas de 40 municípios estão envolvidas no plantio do sisal, sendo que 80% da produção é realizada por pequenos agricultores. Além de buscar atender as necessidades destes agricultores, o projeto é voltado a jovens de 13 municípios da região produtora de sisal. São filhos de pequenos produtores, em busca de alternativas de trabalho e renda que permitam sua permanência e atuação nos seus locais de origem. “A meta do projeto é estimular a criação de oportunidades de trabalho e renda através da estruturação de formas solidárias de produção, pesquisa tecnológica, disponibilização de conhecimentos e articulação com sociedade organizada”, explica a coordenadora do projeto, professora da Universidade do Estado da Bahia, Suely da Silva Guimarães. Segundo ela, uma dos primeiros passos foi a realização de uma pesquisa de demanda para identificar os componentes de edificações com potencial de comercialização na região. O seminário ´A cadeia produtiva do sisal´, realizado com agricultores nas localidades de em Araci, Cansanção e Retirolândia, também auxiliou no levantamento das demandas e expectativas. Foi ainda realizado um seminário regional, com segmentos da sociedade civil, instituições de pesquisa, crédito e extensão rural, em Conceição do Coité.
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| Diversos componentes mostraram-se necessários e importantes, destacando-se a telha. Isso porque não há olarias na região, ou unidades produtivas de qualquer outro tipo. A escassez de madeira é outro problema que direcionou a pesquisa para o desenvolvimento de telhas estruturais de argamassa com a adição de fibras de sisal. Um dos desafios, de acordo com a professora, é a melhoria da durabilidade destas telhas, já que o enfraquecimento das fibras no meio alcalino das matrizes à base de cimento compromete esse processo. Para vencer esta dificuldade a equipe envolvida no projeto está trabalhando com a impregnação da fibra com resinas, verificando a compatibilidade de adesão fibra-resina e avaliando a eficiência da impregnação. As avaliações são realizadas a partir da análise comparativa entre as propriedades mecânica (resistência à tração, módulo de elasticidade, alongamento na ruptura) e físicas (absorção de água e densidade) das fibras impregnadas e “in natura “.
“É importante ressaltar o potencial das fibras, em função da sua alta resistência à tração, que, quando combinada com as propriedades das argamassas de cimento, confere ao material compósito um melhor desempenho em peças estruturais”, avalia a professora, Segundo ela, a preocupação com a durabilidade das fibras vem principalmente dessa possibilidade de uso estrutural, onde a fibra tem que permanecer íntegra, protegida do ataque dos álcalis do cimento que a degradam. Em alguns componentes, entretanto, uma vez terminadas as operações iniciais de manuseio, transporte e assentamento, a atuação das fibras torna-se pouco importante, como no caso de parte dos produtos identificados na pesquisa de demanda realizada na primeira etapa do projeto: pequenas caixas d’água, telhas de pequeno vão, tanques, cochos para alimentação animal, vasos para plantas. Estes produtos estão sendo desenvolvidos otimizando-se a forma para resistir aos esforços previstos.
“Essa possibilidade de produção imediata de alguns produtos, antes da conclusão do projeto possibilitará ao grupo dos jovens integrantes da cooperativa o início das atividades de produção componentes de sisal-cimento na região”, explica a professora. Para implementar esta produção, articulações locais no âmbito do Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia asseguraram recursos, oriundos do PRONAF, para a construção da primeira etapa da unidade produtiva no Município de Retirolândia.
De acordo com a professora, muitas etapas ainda precisam ser vencidos, mas uma premissa básica orienta o trabalho: É a participação dos jovens no desenvolvimento da pesquisa, na discussão dos objetivos, definição dos produtos a serem desenvolvidos, rotinas dos processos produtivos e na elaboração dos projetos para captação de recursos.
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