Esquadrias Sociais
Estudo gera protótipos de janelas de madeira de reflorestamento

O protótipo II, chamado de ´Janela Veneziana de Abrir´, foi pensado priorizando a busca de uma alternativa economicamente viável para a habitação de interesse social Adaptar a madeira de reflorestamento para a produção de janelas de baixo custo. Proposto com esse objetivo, um projeto integrado ao Programa Habitare resultou no desenvolvimento de dois modelos de venezianas. Uma versão mais complexa, a ´Janela de Correr Veneziana Vertical´, chamada de Protótipo I, privilegiou os requisitos de desempenho. O protótipo II, ´Janela Veneziana de Abrir´, foi desenvolvido levando em conta o parâmetro custo. Além de priorizar o uso de um recurso renovável, o objetivo do projeto é atender a demanda de componentes construtivos para habitação social. A proposta também indica uma possibilidade de geração de trabalho e renda na produção das novas esquadrias. O projeto ´Otimização do Processo de Fabricação de Esquadrias de Madeira no Centro Produtor da Região Sul e Desenvolvimento de Janelas de Baixo Custo para Habitação Social´ foi coordenado pela professor Akemi Ino, do Grupo de Pesquisa em Habitação e Sustentabilidade (HABIS), da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). Contou também com coordenação conjunta do professor Ioshiaqui Shimbo, da Universidade Federal de São Carlos (DECiv/UFSCar). A pesquisa permitiu o estudo de processos de fabricação já existentes nas várias etapas da cadeia de produção. As pesquisas iniciaram pela caracterização do setor florestal e madeireiro e se estenderam até a concepção e construção dos modelos das novas janelas. Os protótipos propostos incorporam aspectos inovadores em relação ao material utilizado, já que a madeira de florestas plantadas ainda não é utilizada pelos fabricantes de janelas, e também em relação ao beneficiamento da matéria-prima e fabricação. Foram realizados estudos de secagem e tratamento preservativo da madeira. Para chegar ao desenho final das venezianas, foram realizados estudos levando em conta requisitos como dimensões, ergonomia e atendimento às normas técnicas. Empresas parceiras Etapas de campo foram realizadas com a colaboração de empresas parceiras, como a Pormade Portas de Madeira Decorativas Ltda., um dos fabricantes de grande porte do setor, localizada em União da Vitória (PR), centro produtor da Região Sul. Essa cooperação permitiu que fossem estudadas diversas etapas da cadeia produtiva de fabricação de janelas. A Madeporto Comércio de Madeiras Ltda., localizada em Porto Ferreira (SP), também integrada ao estudo, viabilizou avaliações com enfoque em pequenas empresas. A pesquisa possibilitou a comparação do desempenho de espécies como o pinus, o eucalipto e a araucária. Também levou ao estabelecimento de um programa de secagem do eucalipto, que apresentou dificuldades nesta etapa. “Conhecendo as condições de infra-estrutura da indústria buscamos atender às especificações de rendimento e ausência de defeitos, necessárias à fabricação de janelas para garantir a qualidade final do produto”, explica a professora Akemi Ino, coordenadora do projeto. Em artigo publicado na Coleção Habitare, a professora e outros integrantes da equipe detalham os critérios técnicos, mercadológicos e econômicos levados em conta no desenvolvimento das novas janelas. Resultados “Os resultados mostram que a introdução de espécies de plantios florestais na produção de esquadrias apresenta-se com boas perspectivas de competitividade em relação às janelas metálicas populares”, consideram os integrantes da pesquisa. Na avaliação do grupo, os resultados obtidos para o Protótipo II em pinus ou eucalipto podem ser transferidos para pequenas empresas, pois a produção não exige aquisição de novos equipamentos. “Quanto ao fator econômico, são claras as vantagens da madeira de plantios florestais, tanto o eucalipto quanto o pinus, uma vez que se trata de matéria-prima disponível regionalmente e com possibilidade de reposição”, avalia a professora Akemi. Desafios Executado em eucalipto, o protótipo I é composto por duas folhas fixas de venezianas, duas folhas cegas verticais de correr e duas folhas de vidro, também de correr No artigo a equipe avalia também as dificuldades a serem vencidas. Os resultados obtidos no desenvolvimento dos Protótipos I e II indicam que a simples mudança da madeira nativa para a de reflorestamento praticamente não provoca impacto no preço final do produto. Apesar das vantagens em termos ambientais, o grupo sabe que o fator custo é fundamental para sensibilizar produtores para fabricação das novas janelas. A baixa exigência de qualidade das janelas colocadas no mercado, tanto na faixa popular como nas demais, também é apontado como um desafio a ser vencido. Outra dificuldade é a falta de florestas manejadas especificamente para produção de componentes construtivos. O estudo mostra que, para aumentar a viabilidade das janelas de madeira, deverão ser considerados aspectos como a redução da durabilidade provocada pelo acúmulo de água em frestas, vãos e sulcos. Para o grupo, esse problema pode ser resolvido a partir do desenho dos detalhes e soluções de encaixes. Outro ponto a ser considerado é a qualidade de acabamento superficial, que pode ser melhorada com adequações no funcionamento das máquinas e ferramentas de corte. Do ponto de vista mercadológico, a equipe sugere que seja destacado o aspecto ecológico da madeira, que o desenho se diferencie das janelas convencionais e seja claro em relação ao funcionamento. A adoção de novas tecnologias depende também da identificação das demandas de construção de habitação de interesse social e da articulação com os agentes promotores, em especial os do setor público. “As estratégias gerais para viabilizar a utilização da madeira de floresta plantada para a fabricação de componentes em madeira, em particular as esquadrias, envolvem articulação dos diferentes agentes da cadeia de produção de esquadrias”, avaliam os pesquisadores. Para eles, a adoção de componentes alternativos como os que estão sendo propostos depende da sensibilização e capacitação continuada de diferentes tipos de profissionais. Entre eles, arquitetos, engenheiros, e marceneiros. Outro ponto fundamental seria a implementação de políticas públicas para o setor florestal, garantindo a sustentabilidade do uso da madeira de florestas plantadas. Leia o artigo publicado na Coletânea Habitare: Otimização do processo de fabricação de esquadrias de madeira no centro produtor da região Sul e desenvolvimento de janelas de baixo custo para habitação social Capítulo 13