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Ano 8 Dezembro 2008

Sistema Construtivo
Universidade Federal da Paraíba desenvolve proposta modular à base de blocos de gesso




O Brasil possui as maiores reservas de gesso do mundo – mas usa muito pouco essa matéria-prima. No país são empregados cerca de 15 kg/hab/ano de gesso, enquanto nos Estados Unidos, maior produtor mundial, são mais de 100 kg/hab/ano. Na Europa são consumidos cerca de 80 kg/hab/ano.

Integrada ao Programa de Tecnologia de Habitação (Programa Habitare), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) busca maior aproveitamento dessa matéria-prima em habitações de interesse social.

O projeto é direcionado ao desenvolvimento de um sistema construtivo modular à base de blocos de gesso. “Trata-se de um sistema racionalizado que busca reduzir o desperdício de materiais, racionalizar a mão-de-obra, os tempos de execução e, conseqüentemente, os custos finais da construção”, explica o professor Normando Perazzo Barbosa, coordenador do trabalho que faz parte da rede de pesquisa ´Desenvolvimento e difusão de tecnologias construtivas para a habitação de interesse social/Coordenação Modular`.
 
Blocos de encaixe
O sistema proposto é composto por três tipos de blocos de encaixe, sendo um de canto. A peça principal possui características de um painel, com 90 centímetros de altura. As dimensões dos blocos e do sistema, bem como do projeto, são múltiplos inteiros de 10 centímetros – unidade básica da coordenação modular no Brasil. Na concepção dos blocos houve participação da arquiteta Christiane Cavalcanti, que desenvolveu uma dissertação de mestrado sobre o tema.

O grupo trabalha também com a preocupação de desenvolver os componentes de forma simplificada, principalmente nos detalhes de moldagem, para permitir a fabricação artesanal. O processo é o mesmo empregado para produção de blocos convencionais de gesso, com um misturador, mesas e réguas.

A sistemática também permite que com apenas três fiadas assentadas seja alcançada a altura piso-teto equivalente a 2,90 metros, o que torna possível prolongar o beiral para abrigar as paredes da chuva. Proteger os blocos da água é um dos desafios enfrentados pelo projeto, já que o gesso tem características de solubilidade.

“Estudos estão sendo feitos no sentido de intervir na matriz de gesso para aumentar sua resistência em relação à água”, explica o professor Normando. Em outros países, resinas são usadas para manter a integridade do bloco de gesso em relação à água. Na UFPB, nas próximas etapas do estudo a construção de um protótipo vai permitir a aplicação dos blocos e a percepção de novas frentes de pesquisa para aprimoramento do material.


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Os blocos propostos
Possuem uma superfície texturizada e outra lisa. A face com a textura é obtida com linhas horizontais eqüidistantes 10 cm (a medida estipulada pela norma de coordenação modular no Brasil) e uma linha vertical central. Esta face é a que deve ser voltada para o exterior da edificação. As linhas possuem a função de guia para auxiliar e orientar o corte do bloco sem que haja desperdício de material, quando houver a necessidade de originar sub-blocos. Esta estratégia permite que a improvisação da obra seja tratada como um mecanismo de construção.

 Preocupação estética
A superfície texturizada também possui fins decorativos. O desenho geométrico sugere uma impressão de tijolos aparentes, atribuindo valor estético ao material e à moradia. A técnica texturizada dá boa aparência aos blocos e busca vencer preconceitos relacionados à habitação de interesse social, como a baixa ou nenhuma preocupação estética.

As vantagens do gesso
É um material de maior eficiência energética. Enquanto a fabricação de cimento requer temperaturas da ordem de 1.450 °C, e a cal e os blocos cerâmicos requerem 900 ºC a 1000 ºC, a fabricação do gesso necessita de temperaturas de apenas 150 ºC a 170 ºC. Além disso, enquanto a fabricação do cimento e da cal lança CO2 na atmosfera, a de gesso emite vapor d´água.

Por esse motivo, o gesso é um aglomerante que, comparado com outros materiais como cal e cimento Portland, pode ser considerado muito menos agressivo ao ambiente.


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Entrevista

"As pessoas estão construindo casas populares com gesso na região produtora do material. Visitamos um conjunto habitacional e vimos muitas deficiências, por conta de projeto mal elaborado. É justamente o que queremos fazer, aperfeiçoar o sistema construtivo"
Normando Perazzo Barbosa, coordenador do projeto ´Sistema construtivo modular com blocos de gesso`

Informações e envio
de material:

Arley Reis
Redação e Edição


Mais informações sobre o projeto:

Normando Perazzo Barbosa
Professor
UFPB
0xx83 3244-4506


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